Primeira entrevista de 2018! Confesso que diante de tantas indicações de nomes para serem entrevistados tive muita dificuldade em escolher quem seria o primeiro entrevistado do ano. Como ano novo combina com novas ideias, novos planos e novos projetos, nada melhor do que começarmos com Roberto Palmeira, diretor de sonhos do Instituto Rope, uma instituição sem fins lucrativos cuja missão é realizar sonhos de pessoas com doenças terminais. Espero que essa entrevista inspire a todos e que em 2018 estejamos mais atentos às necessidades dos pacientes em fim de vida.
Abraço,
Luciana.
Portal Testamento Vital: O que é o instituto Rope?
Roberto Palmeira: A formação de um grupo de pessoas que resolveram atender aos últimos desejos de pessoas que estão no final de suas histórias, por entender, que este fechamento é importante, é generoso e floresce nos corações de todos os que participam do processo sejam os médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, integrantes do Instituto, familiares e principalmente os pacientes.
PTV: Como surgiu essa ideia?
RP: Surgiu após eu tomar conhecimento de um projeto que acontece na Holanda, idealizada por um paramédico chamado Kees Valdboer e sua esposa Ineck, enfermeira, que, após a condução de um doente terminal que por ser marinheiro, desejava navegar mais uma vez no canal de Vlaardingen em Roterdã.
A conscientização do efeito deste sonho realizado, levou este casal a realizar mais de 10.000 outros desde 2006 e atualmente contam com 6 ambulâncias doadas e 230 voluntários no Stichting Ambulance Weens.
PTV: Como um paciente pode levar um sonho até vocês?
RP: Em geral os pacientes são os últimos a saber da realização de seus desejos até para não ter o risco de gerar falsas expectativas.
São os enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, familiares que, tendo contato com estes pacientes identificam seus desejos mais significativos, sejam eles o de reencontrar um antigo amor, pedir desculpas a alguém, rever algum lugar significativo, ver um fã, enfim, um sem número de possibilidades que promovem uma mudança e paz aos corações tão sem esperança e por vezes angustiados.
Os desejos são comunicados pessoalmente em nossos parceiros de trabalho, amigos, site, etc.
PTV: Como as pessoas podem ajudar o instituto a realizar sonhos?
Cada sonho tem demandas próprias que podem envolver almoço, translado, ingresso de museu, bondinho do Pão de Açúcar, passeio de helicóptero, enfim um número infinito de variáveis que podem ser supridos com empréstimos, parcerias, e por vezes dinheiro que temos investido dos próprios diretores, voluntários e simpatizantes.
Temos também uma lembrancinha que entregamos após a realização de cada desejo, que é uma naninha com nosso logo da Ovelinha Maria (homenagem à nossa primeira sonhadora), que só vendemos por R$400 que é um valor médio para a realização de sonhos, e produtos do Instituto como camisetas, e canecas.
Atualmente estamos em busca de um suporte Corporativo mais regular.
PTV: Vocês atuam fora do RJ?
Sim, desde que tenhamos recursos para tal.
Uma das propostas que estamos negociando é com uma Seguradora de Vida na qual seu produto prevê uma antecipação de pagamento de indenização em situações de doenças graves; assim, nós do Instituto ROPE teríamos a missão de ajudar estas pessoas e seus familiares na realização de algum eventual desejo em qualquer lugar do País, ou até fora.
PTV: Fique à vontade para falar algo que entender importante para os leitores do nosso portal.
Este trabalho mudou a minha vida, a minha visão das coisas e da importância de tudo que me cerca, assim como o da maioria dos participantes. Sempre que finalizamos um trabalho, temos uma euforia coletiva, um sentimento tão puro e gostoso que não conseguimos traduzir para ninguém com palavras…quem participou sabe….quem viveu entende…é mágico!
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